Essa primeira semana de Maio me fez pensar sobre Justiça. Não a Justiça Retribuitiva , à qual Barack Obama se referiu ao anunciar ao mundo , diante da eliminação de um ser humano considerado inimigo, que "Justiça foi feita " . Esse tipo de justiça, que mais parece vingança, e na qual se retribui violência com violência, só faz tornar o mundo um lugar mais inseguro ainda . Penso na Justiça Restaurativa, que a organização à qual pertenço, o CECIP - http://www.cecip.org.br/ , está ajudando a construir nas escolas do Brasil. Uma Justiça que se baseia na compreensão das causas dos conflitos e dos motivos pelos quais eles se transformaram em violência. E que confia na capacidade dos seres humanos de retomarem o diálogo, por meio de acordos onde os danos causados pelas violências possam ser reparados. Um tipo de Justiça da qual quase não se ouve falar , mas que está aí desde os anos noventa do século passado, para ser usada por indivíduos, grupos e nações.
É bom pensar que, no Curriculo Global que estamos construindo - http://www.globalcurriculum.net/ - , o conceito de Resolução de Conflitos pode ser trabalhado em aulas de todas as disciplinas , como o fizeram os professores da EE Julia Pantoja , e , na EMEF Guilherme de Almeida , as crianças da quarta série da professora Vera. Esses estudantes construiram um mural de colagens, onde as letras gigantes da palavra PAZ foram preenchudas com imagens de guerras atualmente travadas. Com essa imagem, as crianças fizeram a crítica da defesa da guerra como instrumento de se fazer paz ( "Se queres a paz , prepara-te para a guerra) . Parecem concordar com a iniciativa de educadores da Comunidad Educativa , grupo virtual de lationamericanos , que vai encabeçar um movimento mundial para que Barack Obama devolva o seu injustamente recebido Prêmio Nobel da Paz.
Para quem acha ingênuo falar em Currículo Global e sonhar com uma cidadania planetária em tempos apocalípticos, fica a advertência de Paulo Freire, cujo aniversário de morte não foi lembrado pela grande mídia : ' A inexorabilidade do futuro é a negação da História (,,,) A desproblematização do futuro (,,,) leva necessáriamente á morte ou à negação autoritária do sonho, da utopia , da esperança . (,,). ( Pedagogia da Autonomia, 1996, pg 71-72)
Minha mãe, Maria Ednir Leitão Nogueira, gostava de repetir a citação "É possível viver sem justiça, mas não sem esperança". Ela nunca a perdeu, mesmo quando o chão lhe faltava e o céu lhe caía sobre a cabeça . Em um de seus poemas , Absolvição do Mundo " fala desse outro mundo possível que estamos, a duras penas ,gestando agora :
....
Não posso julgar-te, ó mundo.
Não, não posso.
De ti sou parte infinitesimal, intrinseca.
Depois... Há em ti os sábios, os santos, os artistas,
tantos !
E há sempre lágrimas sobre o mal caindo
Sempre amor dessas lágrimas provindo
- e se é rasgando almas e corações que deles tiras
os átomos de amor que á humanidade voltam-
mil vezes abençoado sejas, mundo-
pois só de coração aberto é que se pode conhecer
a força do amor, o impacto da morte,
a pureza dos santos.
Ebganei-me.
Vil não és,
mundo de penosa gestação."
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